Para o carnaval de 2020, nosso alcance aumentou bastante e chegar a mais estados era inevitável, pra nossa alegria!

Muitas mulheres nos procuraram para levar o Coletivo para suas cidades e fomos ampliando nossa rede através delas. Decidimos manter a proposta de campanhas de financiamento coletivo estaduais hospedadas no nosso canal da Benfeitoria, com cada equipe local tendo autonomia para fazer parcerias com marcas, blocos, produtoras locais e projetos que estivessem alinhados com nossos princípios.

Assim, para o carnaval de 2020, arrecadamos R$104.456, produzimos 360 mil tatuagens e chegamos a 17 estados: Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

Estar em tantos estados, através de tantas vozes e vivências, nos faz acreditar na caminhada e seguir na luta.

No carnaval 2020, fizemos mais parcerias de sucesso e uma delas foi com a Badoo, um aplicativo de relacionamento que busca conectar pessoas, sem esquecer da importância da privacidade, segurança e proteção dos usuários. Seguindo essa filosofia, a Badoo entrou em contato com a gente para pensarmos em uma parceria que ajudasse na proteção de mulheres. Criamos uma cartilha falando sobre a diferença entre assédio e paquera e também com informações úteis para mulheres que sofreram ou presenciaram algum assédio ou violência. Esse material ficou disponível no aplicativo durante todo o carnaval. Além desse conteúdo, criamos uma nova tatuagem, com os dizeres “Conexões Sinceras”. Ao todo, produzimos 200 mil tatuagens, que foram entregues somente para mulheres, junto com a nossa Não É Não!

“Ame Sem Moderação!” foi a frase conceito da campanha de carnaval da Ame Digital e é lógico que fizemos uma tatuagem linda com as cores do arcoíris nessa parceria! A mensagem traz a idéia de que o amor é livre de preconceitos, capaz de ultrapassar barreiras e estereótipos – queremos que todes amem e sejam amades da maneira que bem entenderem! Ainda nessa parceria incrível com a Ame, fizemos outra tatuagem exclusiva com a frase “Ame Com Respeito”, que ia junto com as nossas Não É Não! Ao todo, produzimos 32 mil tattoos. Fizemos também pílulas para o instagram com um conteúdo super importante sobre assédio, paquera e respeito acima de tudo!

A quarentena chegou chegando e colocou todo mundo de cabeça pra baixo! Adiamos alguns planos do Coletivo mas também criamos coisas novas, como nossa sequência de lives super potentes, abordando temas como maternidade, identidade de gênero, relacionamentos, representatividade preta, sexualidade, e um monte de outros assuntos incriveis! Sempre com uma embaixadora do Não é Não! e uma especialista no tema. E com o resultado super positivo, resolvemos inovar mais ainda! Nossas lives viraram podcasts! A gente se juntou com a Podsim, que é uma produtora de podcasts feita por mulheres profissionais do áudio, entre artistas, técnicas e jornalistas, todas formadas na residência profissional Arte Sônica Amplificada, do Conselho Britânico em parceria com a Oi Futuro. Tanto na prestação de serviços de produção de podcasts quanto na produção de programas autorais, a Podsim busca aumentar a diversidade na área de podcasts, de maioria masculina. Tudo a ver com a gente, né? Toda quarta feira pela manhã, lançamos um podcast novo nas principais plataformas (spotify, deezer, google podcasts e apple). Agora vocês podem levar o papo Não É Não para todos os lugares!












Desde o primeiro ano, fomos surpreendidas com a potência do trabalho em rede e soubemos que nossa atuação não se resumiria ao período de carnaval. Dessa forma, atuamos em diversos espaços, abordando diferentes temas relacionados à nossa pauta central que é o combate à violência contra a mulher, nos adequando aos diferentes públicos que atingimos. Assim, desenvolvemos metodologias próprias para dialogar em escolas, na mídia, em empresas e onde mais houver espaço para gente espalhar a palavra! Nas visitas a escolas, públicas e particulares, temos a oportunidade de plantar sementes em solo fértil e ver nascer a possibilidade de um futuro mais igualitário. Nas palestras em empresas, podemos abordar as questões de gênero de forma interseccional dentro do ambiente de trabalho, que acreditamos ser um grande passo para garantir que, após conseguir ocupar espaços profissionais diversos, nós mulheres possamos de fato estar seguras neles.

Ao longo desses anos, realizamos também muitas rodas de conversa, em parceria com o poder público, outros projetos e sociedade civil organizada, e entendemos que a nossa principal ferramenta continua a mesma: o diálogo. Construindo ambientes para uma troca segura, consciente e de prevenção de violências, certamente teremos 
avanços significativos nas lutas sociais. 

Em 2020, com a chegada da pandemia da Covid-19, precisamos nos afastar das ruas e dos encontros presenciais sempre tão ricos, mas nos aprofundamos em estudos e produção de conteúdos para manter nossa rede ativa e protegida. Assim, através das nossas redes sociais, do nosso podcast (e agora desse site), de palestras e encontros virtuais,  nos mantemos ativas levando as diversas vozes, dos 17 estados em que estamos, adiante.

Depois do lindo carnaval de 2018, entendemos que a única possibilidade do Não é Não! continuar crescendo, era dando a mão para mais mulheres, formando uma rede ainda mais forte e diversa. Quando começamos a pensar o financiamento coletivo para 2019, o núcleo da nacional tinha uma certeza: “não daríamos conta sozinhas!” Seria impossível somente 5 mulheres no Rio de Janeiro suprir toda demanda,  que envolveria produzir e distribuir recompensas para todo o Brasil e divulgar a campanha em diferentes estados. Então como continuar o projeto?

Inspiradas pela campanha de arrecadação do TETO Brasil, criamos uma rede de Embaixadoras. Entendemos que por conhecerem bem suas cidades e estados, essas mulheres poderiam criar mais facilmente parcerias locais, conseguir mais apoiadores em cada uma das cidades, exposição na mídia local, entregar as recompensas, além de também pensar qual seria a melhor forma de distribuir as tatuagens. Como o trabalho é muito, algumas delas montaram também núcleos regionais com mulheres designers, jornalistas, produtoras, advogadas, entre outras profissões, que trabalham juntas para realizar a campanha.

Com a ajuda das novas Embaixadoras, criamos um canal na Benfeitoria onde cada uma ficou à frente da produção da campanha do seu estado. Buscamos firmar parcerias com produtoras locais para a produção das recompensas e conseguimos atingir cidades do interior, além das capitais. 

No carnaval de 2019, arrecadamos R$87.469, produzimos 186 mil tatuagens e estivemos presentes em todas as regiões do país, nos seguintes estados: Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pará, Goiás, Brasília, Bahia e Paraná.

2019 foi um ano rico em parcerias de sucesso e, dentre elas, tivemos a Avon, que enviou um kit com vários produtos inéditos para influenciadoras que acreditamos dialogar com a mesma filosofia do coletivo, contendo dois brindes exclusivos Não É Não!: nossas tattoos e um leque lindo para usarmos no calor dos blocos de rua. Ao todo foram produzidas 7 mil tatuagens que, além de irem como brinde nos kits, também foram distribuídas internamente na empresa.

Já com a parceira Amaro, criamos juntas uma nova tatuagem temporária com a frase “Minha Roupa Não É Um Convite”. O corpo é uma festa mas não é público, e o que vestimos não pode justificar uma violência ou um assédio. Foram produzidas mais de 10.000 tatuagens para serem distribuídas através de parceiros da marca, blocos de carnaval e nos Guide Shops da Amaro. 

Também tivemos uma parceria com a The Body Shop, onde fizemos um workshop incrível para os funcionários, sobre  feminismo e assédio no ambiente de trabalho. Acreditamos que a reeducação é o caminho para alcançarmos uma sociedade mais justa e igualitária. Além do workshop, a TBS produziu um presskit super legal em parceria com a Pantys e enviou, junto com nossas tatuagens, para influenciadoras, imprensa e equipe de embaixadoras do Coletivo. Com o financiamento dessas tatuagens, a empresa também ajudou a finalizar algumas campanhas na Benfeitoria dos estados que ainda não tinham batido a primeira meta. São parcerias assim que nós acreditamos, um trabalho conjunto e potente.

Depois da grande adesão no carnaval de 2017, muitas mulheres perguntavam nas redes sociais onde poderiam adquirir as tatuagens e como poderiam ajudar o movimento a crescer. Quando o carnaval acabou, veio a ideia: e se para o carnaval de 2018, fizéssemos uma campanha de financiamento coletivo, onde qualquer mulher pudesse colaborar, garantindo suas tatuagens e ainda financiar a distribuição gratuita de mais tatuagens para mais mulheres nas ruas?

E assim criamos um financiamento coletivo na Benfeitoria para o carnaval de 2018. Arrecadamos R$20.547, produzimos 26.000 tatuagens e distribuímos em 7 cidades (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife e Olinda) em parceria com blocos, coletivos feministas e marcas.

Na véspera do Dia Internacional da Mulher de 2018, o Corinthians entrou em campo para jogar contra o Mirassol, na Arena Corinthians em São Paulo, com as blusas dos jogadores com a hashtag #RespeitaAsMinas e, acompanhados da equipe feminina, com Não é Não! estampado em seus uniformes. Além disso, distribuímos 4 mil tatuagens para as torcedoras e as duas frases saíram no telão do estádio, o maior painel de led da América Latina. Olha que incrível!

Posicionar-se politicamente significa tomar decisões que impactam a coletividade e nós do Coletivo Não É Não! acreditamos em uma política antirracista, antifascista, anticapacitista e, principalmente, feminista. Diante da opressão e retrocessos que o então candidato Jair Bolsonaro representava, nos posicionamos ao lado da resistência. Produzimos e distribuímos gratuitamente tatuagens com os dizeres Ele Não! e fomos às ruas militar e reivindicar pelos nossos direitos. Acreditamos na importância das manifestações como forma de exercer a nossa cidadania. Se posicionar e se envolver politicamente, são processos essenciais para garantir que nossa sociedade seja mais justa e igualitária e apenas dessa forma conseguiremos garantir que todos tenham voz. Seremos #EleNão! até o fim!

Em novembro de 2018, fomos selecionadas para participar da exposição “Nosotras Luchamos”, uma mostra de Coletivos Feministas Latinoamericanos que aconteceu em Berlim, Alemanha. Para a seleção, nos inscrevemos com um vídeo super potente, que virou o nosso manifesto (acesse o vídeo na aba “Quem Somos”). O encontro foi organizado pela Galeria de Arte Karne Kunst e pela Associação de Mulheres Latinoamericanas Xochicuicati e.V. , ambas baseadas em Berlim. Durante o evento, participamos de diversas atividades, dentre elas uma oficina de bordados de “panuelos” com o Coletivo Ni Una a Menos, de Berlim, e  deixamos nossas tatuagens disponíveis para todas as visitantes da exposição. Aproveitando o momento político e o dia 25 de novembro, dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher, participamos também das passeatas nas ruas, distribuindo tatuagens Não É Não! em inglês, português e espanhol. Foi um encontro super valioso e rico para nós que acreditamos no trabalho em rede como base fundamental para seguirmos na luta.

Criado em janeiro de 2017 pelo grupo de amigas Aisha Jacob, Barbara Menchise, Julia Parucker, Luka Campos e Nandi Barbosa, o movimento teve início após mais um assédio (são tantos né?!) sofrido em um samba durante o pré carnaval no Rio de Janeiro. Decidimos transformar a indignação diante de tanta violência em força para agir. Em 48 horas, conseguimos arrecadar R$2.794, fazendo uma “vaquinha” entre 40 mulheres que se uniram pela causa. Nesse carnaval de 2017, produzimos e distribuímos gratuitamente 4 mil tatuagens “Não é Não!” nos blocos de rua do Rio de Janeiro.

Ainda em 2017, ultrapassamos o carnaval e estivemos também nos protestos e passeatas de 8 de março. Acreditamos na importância do ativismo para além do carnaval, afinal, nossa luta é diária. Distribuímos também nossas tatuagens com os dizeres Não É Não! como forma de militância e resistência. Lutamos pelas nossas inquietações, pelos direitos humanos das mulheres e pela igualdade nas mais diversas esferas. Nosso movimento é um ato político em nome de todas.